Investimento em startups deixou de ser exclusividade de grandes fundos do Vale do Silício e tornou-se uma realidade acessível a investidores comuns – e potencialmente muito lucrativa.
Quem não gostaria de ter apoiado o Nubank, iFood ou 99 lá no começo e colhido ganhos exponenciais anos depois? Ao mesmo tempo, sabemos que para cada startup “unicórnio” de sucesso, existem várias que não dão certo. Como então aproveitar as oportunidades das startups minimizando os riscos?
É isso que vamos explicar, passo a passo, neste guia completo. Aqui você entenderá o que significa investir em uma startup, por que esse investimento pode valer a pena, quais os tipos de investimento disponíveis – de ser um investidor-anjo a participar via equity crowdfunding ou Corporate Venture Capital (CVC) –, os principais riscos e cuidados a tomar, e como começar na prática, incluindo exemplos reais e dicas de especialistas. Preparado? Então vamos mergulhar no mundo dos investimentos em startups!
O que é investir em startups?
Investir em startups significa aportar capital em empresas nascentes, inovadoras e de alto potencial de crescimento, em troca de uma participação societária ou outra forma de retorno futuro. Diferentemente de aplicar em ações de companhias maduras na bolsa, ao investir em uma startup você está apostando no crescimento de um negócio que ainda está começando – muitas vezes com um produto novo, modelo de negócio escalável e mercado incerto. Na prática, você se torna sócio(a) daquela empresa (ou credor, em alguns casos específicos), compartilhando os riscos e os ganhos potenciais.
Características das startups
Normalmente são empresas jovens, ágeis e orientadas a inovação. Costumam operar em cenários de alta incerteza, buscando resolver um problema real do mercado com uma solução escalável e replicável. Por terem um modelo de negócio ainda em validação, precisam de capital para iterar o produto/serviço, conquistar clientes e escalar rapidamente antes que concorrentes o façam. É aí que entram os investimentos externos.
Como funciona o investimento na prática
O investidor fornece recursos (dinheiro, e às vezes smart money – que inclui mentoria, contatos e know-how) e recebe em troca uma porcentagem da startup ou um direito sobre resultados futuros. Se a startup crescer e prosperar, o investimento pode multiplicar de valor. Porém, se fracassar, o investidor pode perder parcial ou totalmente o capital investido. Por isso, investir em startups é considerado um tipo de investimento de risco elevado, porém com potencial de retorno também elevado (o famoso high risk, high reward).
Exemplo simplificado: imagine que você invista R$ 10 mil em uma startup X, recebendo 1% de participação. Se em 5 anos essa startup for vendida (ou avaliada) por, digamos, R$ 100 milhões, seu 1% passaria a valer R$ 1 milhão – um retorno de 100x sobre o capital inicial. Casos assim são raros, mas ilustram o teto de ganho ilimitado que atrai investidores para startups. Entretanto, se a startup fechar as portas, seu investimento vira pó. Por isso falamos em aposta calculada: entender bem o negócio e o mercado da startup aumenta as chances de sucesso do investimento.
Por que investir em startups? Quais as vantagens?
Investir em startups pode valer muito a pena pelas seguintes razões a seguir.
Potencial de retornos extraordinários
Diferente de investimentos tradicionais (como ações de blue chips ou renda fixa) que têm retornos mais previsíveis e limitados, uma startup bem-sucedida pode multiplicar seu valor muitas vezes. Não é incomum ouvir casos de investidores-anjo que tiveram retorno de 10x, 20x ou até 30x sobre o aporte inicial quando a startup investida “decolou”. Esse potencial “moonshot” é o que torna as startups tão atraentes – mesmo que a probabilidade de acerto de cada empresa individualmente seja baixa, os acertos podem compensar muitas apostas falhas.
Diversificação da carteira
Startups são ativos de baixa correlação com o mercado financeiro tradicional. Ou seja, seu sucesso não depende diretamente do Ibovespa, da taxa Selic ou do dólar. Assim, ao alocar uma pequena parte do patrimônio em startups, o investidor está diversificando em um ativo alternativo. Essa diversificação pode melhorar o equilíbrio risco-retorno da carteira como um todo. Importante: justamente por serem arriscadas, as startups devem compor uma parcela pequena da carteira – muitos especialistas sugerem algo em torno de 5% ou menos, dependendo do perfil, para investidores individuais. Isso limita eventuais perdas e, ao mesmo tempo, permite que ganhos exponenciais impactem positivamente o portfólio.
Participar da criação de algo grande (impacto e propósito): Há também um lado emocional e intelectual em investir em startups. Você está apoiando diretamente empreendedores e soluções inovadoras que podem mudar mercados e resolver problemas reais da sociedade. Muitos investidores se sentem motivados por “fazer parte” daquela história – e não apenas pelo dinheiro. Por exemplo, quem investiu no começo do Nubank não só ganhou financeiramente, mas também contribuiu para revolucionar o setor bancário no Brasil. Além disso, startups geram empregos qualificados e impulsionam a economia. Ou seja, investir em inovação é também contribuir para o desenvolvimento do país, tornando-o um investimento com propósito para alguns.
Aprendizado e networking
Ao investir em startups você tende a aprender muito sobre negócios emergentes, novas tecnologias e tendências de mercado. Muitos investidores se aproximam dos fundadores, oferecem mentoria e trocam conhecimento e contatos. Essa proximidade pode ser muito enriquecedora – você ganha insights de ponta e expande sua rede de relacionamento no ecossistema de inovação. Em alguns casos, investidores experientes tornam-se conselheiros (“advisors”) das startups investidas, agregando valor além do capital e obtendo satisfação pessoal em ajudar empreendedores a crescer.
Internacionalização dos investimentos
Startups de sucesso muitas vezes se expandem globalmente. Investir nelas pode expor seu capital a mercados internacionais e moedas fortes indiretamente. Além disso, nada impede um investidor brasileiro de também investir em startups no exterior (ver seção específica mais adiante), acessando oportunidades no Vale do Silício, Europa, etc. Isso pode permitir ganhos em dólar, euro, etc., diversificando não só setores mas também geografia e moeda.
Em suma, as vantagens passam por alto potencial de lucro, diversificação, propósito/inovação, networking e exposição internacional. É claro, tudo isso vem acompanhado de riscos consideráveis – que veremos na seção de riscos –, mas para quem possui perfil arrojado e capital disposto a ficar investido por vários anos, as startups podem sim valer a pena dentro de uma estratégia bem planejada.
*(Dado interessante: segundo um levantamento da plataforma Distrito, as startups brasileiras receberam US$ 9,4 bilhões em investimentos somente no ano de 2021, 2,5 vezes o volume de 2020 – um recorde histórico. Esse boom mostra como investidores estão cada vez mais vendo valor nesse setor. Além disso, 2021 viu 10 novos “unicórnios” (startups avaliadas em >US$1 bi) no Brasil, incluindo nomes como MadeiraMadeira, Hotmart, Mercado Bitcoin e outros. Ou seja, houve quem investiu nessas empresas anos atrás e colheu resultados astronômicos.)
Quais os riscos de investir em startups?
Como diz o ditado de mercado, “não existe almoço grátis” – os potenciais retornos altos das startups vêm acompanhados de riscos elevados. É crucial conhecer e gerenciar esses riscos antes de investir:
Probabilidade de falha elevada
Startups estão tentando algo novo e escalável, o que significa que muitas coisas podem dar errado. Estatísticas de aceleradoras indicam que a maioria das startups não sobrevive além de 5 anos. Seja por erro no modelo de negócio, dificuldade em ganhar tração de clientes ou fatores externos, o risco de perda total do capital é real e deve ser considerado desde o início. Em outras palavras, você só deve investir dinheiro que não vai te fazer falta caso venha a zero. Mentalize que um investimento em startup pode demorar anos para dar retorno – ou nunca dar – e planeje-se financeiramente para isso.
Baixa liquidez
Diferentemente de ações listadas em bolsa, não há garantia de que você poderá vender sua participação na startup quando quiser. Pelo contrário, o usual é que o investidor só consiga “realizar” o investimento em um evento de liquidez, como a venda da empresa (M&A) ou um IPO no futuro. Até lá, sua cota fica “presa”. E se a startup não for bem, pode nunca haver comprador. Portanto, é um capital ilíquido, de horizonte longo, e o investidor deve ter paciência. Não conte com aquele dinheiro no curto prazo.
Dificuldade de avaliação e acompanhamento
Empresas iniciantes geralmente têm pouco histórico financeiro, tornam difícil aplicar análises convencionais (fluxo de caixa descontado, múltiplos etc.). Avaliar startups envolve estimar potencial de mercado, qualidade da equipe, diferencial do produto – fatores qualitativos e incertos. Mesmo após investir, acompanhar a saúde da startup pode ser complexo se você não estiver familiarizado com métricas de startups (como burn rate, CAC, LTV, etc.). Isso aumenta o risco de informações assimétricas – você depende dos fundadores para obter informações, e pode não perceber problemas a tempo de agir.
Risco de diluição
Em sucessivas rodadas de investimento, novos investidores entram e sua porcentagem de participação pode diminuir (a menos que você consiga acompanhar os aportes). Embora a diluição seja natural e aceitável quando a empresa valoriza (melhor ter 1% de algo enorme do que 5% de nada), é algo a monitorar. Alguns contratos preveem direito de preferência para investir em rodadas futuras, mas nem sempre. Ficar diluído demais pode reduzir seu upside, então esteja atento às condições de cada rodada.
Riscos externos e regulatórios
Startups inovam em setores muitas vezes não regulados ou em “cinza”. Pode haver mudanças legais que afetem drasticamente o negócio (vide Uber e disputa regulatória municipal, fintechs e Banco Central, etc.). Além disso, surgimento de concorrentes gigantes ou mudança de comportamento do consumidor podem inviabilizar a startup rapidamente. O ambiente macroeconômico também pesa: em cenários de juros altos, captar próximas rodadas fica mais difícil (investidores preferem renda fixa), o que pode estrangular startups dependentes de capital. Em resumo, há riscos incontroláveis externos que são maiores do que em empresas estabelecidas.
Risco de execução (time)
Um grande diferencial entre startups que vencem e as que morrem é a qualidade da equipe empreendedora. Você está apostando não só na ideia, mas nas pessoas que vão executá-la. Se os fundadores não tiverem competência, dedicação e resiliência excepcionais, a chance de insucesso é alta mesmo com dinheiro disponível. Por isso, ao avaliar uma startup, investidores experientes dizem que “time é tudo” – e é um dos aspectos mais difíceis de mensurar. Um erro de julgamento aqui é um risco considerável.
Como mitigar os riscos?
Algumas práticas recomendadas:
Diversificação de portfólio
“Nunca coloque todos os ovos em uma startup só. “
O ideal é investir em várias startups (10, 20 ou mais ao longo do tempo) para aumentar a probabilidade de ter alguns grandes sucessos que compensarão as perdas. Plataformas e grupos de anjo facilitam isso com tickets menores. Diversifique também entre setores diferentes (saúde, fintech, agro, etc.), pois se um mercado esfriar, outro pode prosperar.
Due diligence e análise criteriosa
Antes de investir, estude a fundo a startup. Analise o problema que ela resolve, o tamanho do mercado, se há concorrentes fortes, vantagem competitiva, unit economics, e sobretudo avalie a equipe (experiência, complementaridade, paixão e “fome” de vencer). Se possível, converse com os fundadores, entenda o planejamento de uso do capital – startups sérias têm plano claro de onde vão aplicar o dinheiro para crescer. Use seu networking para checar referências. Enfim, faça o “tema de casa” para filtrar as melhores oportunidades e evitar entrar em furada por empolgação.
Acompanhar de perto (quando possível)
Após investir, mantenha contato periódico com a startup. Peça para receber reports trimestrais ou semestrais. Alguns investidores-anjo gostam de ser conselheiros informais, ajudando a empresa. Isso não apenas te dá visão antecipada de problemas (permitindo talvez ajudar a corrigir a rota), como aumenta as chances de sucesso do negócio pelo seu apoio. Claro, nem sempre o investidor poderá ou deverá se envolver, mas mostrar-se disponível e acompanhar indicadores-chave é saudável.
Definir seu limite de perda
Tenha uma estratégia: por exemplo, “vou investir no máximo R$X em startups, distribuído em Y empresas”. E cumpra esse limite. Assim, mesmo que todas dessem errado, seu patrimônio e planos de vida não ficam comprometidos. Investimento em startup deve ser visto um pouco como capital de risco/aventura, separado das economias principais. Esse auto-gerenciamento disciplinado é parte de controlar o risco.
Investir via veículos ou com especialistas
Se você não se sente confortável avaliando startups sozinho, considere investir através de fundos de venture capital, syndicates ou plataformas geridas por profissionais. Por exemplo, Fundos de Investimento em Participações (FIPs) reúnem recursos de vários investidores e montam um portfólio diversificado de startups, gerido por especialistas. Isso dilui riscos e delega a análise para quem faz disso um trabalho full-time. Da mesma forma, grupos de investidores-anjo permitem coinvestir ao lado de gente experiente. Plataformas de equity crowdfunding também costumam fazer uma triagem das startups antes de listá-las – embora isso não elimine risco, ao menos há uma curadoria inicial. (Nota: investir via fundos normalmente exige ser investidor qualificado e aportes maiores, mas há opções acessíveis via plataformas para pequenos investidores.)
Em resumo, os riscos ao investir em startups são grandes, mas podem ser gerenciados com estratégia e conhecimento. Entender que falhas podem ocorrer e planejar-se para o pior cenário é essencial para não transformar um investimento promissor em dor de cabeça financeira. Nos próximos tópicos, veremos as diferentes maneiras de investir (cada uma com perfis de risco distintos) e como decidir qual faz sentido para você.
Formas de investir em startups: modalidades e como funcionam
Existem diversas modalidades para investir em startups, adequadas a perfis e bolsos diferentes. As principais são:
Investidor-Anjo (Angel Investor)
É a forma clássica: pessoas físicas com capital e experiência investem diretamente em startups nas fases iniciais (geralmente pré-seed ou seed). O anjo aporta dinheiro próprio (no Brasil, normalmente entre R$ 50 mil e R$ 500 mil por startup, isoladamente ou via grupos) em troca de uma participação minoritária (5% a 20% da empresa, por exemplo) ou um contrato de mútuo conversível. Além do dinheiro, o anjo geralmente agrega valor com mentoria, contatos e orientação – por isso se fala em smart money quando o investidor também contribui com conhecimento. O investimento-anjo é de alto risco, e a liquidez vem apenas em eventos de saída (aquisição/IPO). No Brasil há incentivos legais: a Lei Complementar 155/2016 trouxe proteções ao anjo, como não responder pelas dívidas da startup. Ser investidor-anjo requer ter capital disponível e perfil ativo, pois envolve escolher startups, negociar valuation e eventualmente acompanhar o dia a dia.
Venture Capital (VC) / Fundos de Investimento
Aqui você investe através de fundos especializados, que captam dinheiro de vários investidores (limitados ou cotistas) e montam uma carteira de startups. Os fundos de Venture Capital atuam em séries A, B, C (e às vezes seed) investindo quantias maiores (milhões de reais) em startups com validação e receita, escalando operações. Já fundos semente ou pré-seed fazem aportes menores em fase inicial. Como investidor individual, você pode entrar como cotista de um fundo – porém é preciso ser qualificado ( >R$1MM investido em ativos financeiros) e os tickets costumam ser altos (mínimo na casa de centenas de milhares).
Vantagens: gestão profissional, grande diversificação (um fundo investe em dezenas de startups) e acesso a deals que sozinho você não teria. Desvantagem: pouca influência individual e taxas de administração/desempenho do fundo. Outra forma são Venture Builders ou aceleradoras com fundos, em que você investe na própria VB/aceleradora que por sua vez investe em várias startups (ex.: um venture builder foca em criar e desenvolver startups internamente, captando recursos de investidores para isso). Em todos esses casos, seu investimento passa a ser indireto, mas tende a reduzir riscos via portfólio diversificado e management profissional.
Corporate Venture Capital (CVC)
É quando grandes empresas estabelecem veículos de investimento em startups, seja via um fundo próprio ou investimentos diretos estratégicos. Do ponto de vista do investidor individual, CVC entra mais como possibilidade se você for acionista dessas corporações que investem em startups, ou se participar de programas de coinvestimento corporativo. Porém, citamos aqui pois é uma modalidade relevante no ecossistema: muitas startups no Brasil recebem aportes de empresas estabelecidas (por ex., Petrobras fazendo CVC em energy techs, Banco do Brasil investindo via BB’s Ventures etc.).
Para o investidor pessoa física comum, CVC pode significar oportunidade de exit: sua startup investida pode ser comprada por uma corporação (um exit via aquisição), retornando capital. Em resumo, o CVC é mais uma peça do quebra-cabeça de investimento em startups – se você é empreendedor, é uma fonte; se investidor, pode ser parte da sua tese (ex.: investir em startups que grandes empresas podem querer adquirir). Do ponto de vista de conteúdo, vale mencionar que a participação de CVC superou VCs tradicionais em geração de valor no ecossistema nos últimos anos em certos mercados, ou seja, corporates estão ativos e isso beneficia quem investe cedo e vê a corporação entrar depois.
Equity Crowdfunding (Investimento Coletivo)
Modalidade que democratizou o acesso: através de plataformas online autorizadas pela CVM, investidores de todos os portes podem investir pequenas quantias em startups em troca de participação (equity) ou outros títulos (como dívida conversível, depende da oferta). No Brasil, regulamentado inicialmente pela Instrução CVM 588 e atualmente pela Resolução CVM 88, o equity crowdfunding permite à startup captar até R$ 5 milhões por rodada, com investimento de pessoas físicas limitado (geralmente R$ 10 mil por oferta para não qualificados, somado R$ 20 mil por ano – valores regulatórios vigentes). Plataformas como EqSeed, Kria, SMU, Captable, etc., fazem a curadoria das startups, colocam as informações online (dados financeiros, plano de negócios, riscos) e abrem para investidores cadastrados reservarem cotas a partir de valores na casa de R$ 1 mil a R$ 5 mil. Ou seja, com pouco dinheiro já é possível “entrar no jogo”.
Vantagens: baixo ticket mínimo, processo 100% online, e diversificação facilitada. Riscos: as ofertas muitas vezes são de startups bem iniciais, e o investidor tem menos contato direto com os fundadores (confia nas informações da plataforma).
Mas é uma ótima porta de entrada para quem está começando. Exemplo real: em 2020-2021 diversas fintechs e foodtechs captaram via equity crowdfunding e hoje algumas já valorizadas geraram ganhos para quem investiu no portal – cada caso varia, mas há registros de startups que pagaram dividendos ou proporcionaram saídas secundárias dando retorno acima de 100% do investido em poucos anos (apesar de não ser garantia).
Investimento via Mentoria / “Advisor Equity”
Uma modalidade peculiar de investimento é quando você aporta conhecimento e não dinheiro, em troca de uma pequena participação. Muitas startups aceitam trazer um advisor (conselheiro) experiente que dedique algumas horas por semana ou mês ao negócio, ajudando em estratégia, introduções de clientes, etc., e remuneram com equity (geralmente entre 1% e 5%). Para alguém com expertise específica que não queira (ou não possa) investir capital financeiro, é uma forma de “entrar” em startups. Não envolve desembolso de dinheiro – por isso alguns nem consideram investimento, mas é sim uma maneira de obter participação societária. O retorno, claro, virá se a startup crescer e aquele equity valer algo. Essa modalidade, mencionada aqui, mostra que investir em startup pode significar mais do que dinheiro – pode ser aportar valor de outras formas, algo muito valorizado pelas empresas nascentes (daí o termo smart money novamente).
Outras formas e híbridos
Há ainda empréstimos conversíveis (você empresta dinheiro à startup com contrato que converte em ações em evento futuro – muitos anjos usam essa estrutura chamada Convertible Note ou SAFE), Revenue-based financing (investidor aporta e recebe de volta uma percentagem da receita mensal da startup até certo múltiplo, em vez de equity), entre outros instrumentos financeiros inovadores. Contudo, para o investidor iniciante, os 5 modos listados acima cobrem 95% dos casos.
Comparando modalidades:
Modalidade | Perfil do Investidor | Ticket Típico | Risco (1-5)* | Liquidez | Envolvimento |
Investidor-Anjo | Pessoa física, experiente ou alta renda | R$ 50k – R$ 500k | 5 (alto) | Baixa (aguardar saída) | Alto (mentoria, conselhos) |
Fundos/VC | Qualificado, institucional ou família | R$ 100k – milhões | 4 (diluído) | Baixa (duração 5-10 anos) | Nenhum a moderado (reportes) |
CVC (Corp. Venture) | Empresas ou via ações de empresas | varia (empresa investe) | 4 (diluído) | Depende (empresa decide saídas) | Indireto (empresa investida) |
Crowdfunding | Qualquer investidor (via plataforma) | R$ 1k – R$ 10k | 5 (alto) | Baixa (aguardar saída) | Muito baixo (acompanhamento passivo) |
Mentoria/Advisor | Especialista sem capital disponível | Tempo/expertise (no $) | 5 (alto) | Baixa (aguardar saída) | Alto (interação frequente) |
(Escala de risco 1-5 é qualitativa, 5 = mais arriscado)
Em resumo, há caminhos para praticamente todo tipo de investidor se envolver com startups – desde quem quer colocar R$1 mil via crowdfunding até quem tem milhões via fundos, ou quem quer apenas contribuir com conhecimento. Você pode inclusive combinar modalidades (por exemplo, investir R$ 5k em 10 startups via crowdfunding para começar, e depois ser anjo líder em uma ou duas que você se identifique mais). O importante é conhecer as opções e escolher a que faz sentido para seus objetivos e recursos.
Etapas para decidir e investir: do interesse à execução
Agora que você conhece os porquês e os tipos de investimento em startups, vamos explicar como começar na prática, em etapas. Seguir um passo a passo ajuda a tornar o processo mais seguro e estratégico:
Avalie seu perfil e objetivos
Faça uma autorreflexão financeira. Quanto do meu patrimônio posso destinar a investimentos alternativos? Estou disposto(a) a perder esse valor? Se você tem uma reserva de emergência e investimentos tradicionais já consolidados, e busca aumento de retorno no longo prazo assumindo mais risco, então faz sentido destinar uma parcela para startups. Certifique-se de ter horizonte de tempo longo (mínimo 5 anos, melhor pensar em 10 anos) para esse dinheiro ficar investido. Avalie também seu interesse: quer ser ativo no ecossistema (mentorar, por exemplo) ou só aportar e acompanhar à distância? Esse autoconhecimento guiará suas escolhas. Lembre que investimento em startups é indicado para perfis arrojados, tolerantes a risco e volatilidade.
Eduque-se e pesquise o mercado
Entre de cabeça no assunto: leia casos de sucesso e fracasso de startups, entenda tendências (ex.: IA, fintech, healthtech, etc.). Há muito conteúdo gratuito – relatórios (Ex.: Inside Venture Capital do Distrito), eventos, podcasts – que te deixarão por dentro do “dialeto” de startups. Esse contexto ajuda a identificar oportunidades promissoras e sinais de alerta. Além disso, pesquise plataformas e comunidades: conheça os sites de crowdfunding, grupos de anjos (ex.: Anjos do Brasil), venture builders ativas, hubs de inovação regionais. Saber onde estão as startups buscando capital te deixa pronto para quando decidir investir.
Encontre oportunidades de investimento
Com educação em dia, comece a garimpar startups. Canais típicos:
- Plataformas online: Cadastre-se nas principais (por exemplo, Captable, EqSeed, SMU, Kria). Navegue pelas ofertas em aberto, estude os materiais (pitch deck, vídeo dos founders, demonstrativos financeiros quando houver).
- Demo Days e eventos: Hubs de inovação e aceleradoras (como o próprio RAJA, ACE, Endeavor, etc.) fazem eventos em que startups apresentam seus negócios. Participe para conhecer startups e outros investidores.
- Grupos de investimento: Considere juntar-se a clubes ou redes de anjos. Muitas cidades têm grupos locais que se reúnem para avaliar startups conjuntamente. Isso te dá deal flow e divide trabalho de análise.
- Networking pessoal: Muitas vezes oportunidades vêm de colegas, amigos empreendedores, professores, etc. Divulgue que você tem interesse em investir; assim, quando alguém souber de uma startup boa buscando capital, podem lembrar de você.
Analise a startup cuidadosamente (due diligence)
Quando você se interessar por uma startup específica, aprofunde-se. Revisite o que falamos na seção de riscos e use como checklist: O problema/mercado é grande e crescente? A solução é realmente diferenciada? A startup já tem um MVP ou clientes demonstrando validação? Como ela ganha dinheiro (modelo de receita) e isso escala? Quais são os principais concorrentes ou substitutos? – Isso cobre o lado do negócio. Agora, o time: pesquise o histórico dos fundadores (LinkedIn, Google), veja se têm experiência no setor ou em empreender, se parecem comprometidos full-time e alinhados.
Se possível, tenha uma reunião com eles: bons empreendedores geralmente estão abertos a conversar com potenciais investidores, mesmo pequenos. Prepare perguntas-chave e avalie a transparência e domínio que eles demonstram sobre o negócio. Por fim, verifique termos do investimento: valuation proposto (faz sentido dado o estágio?), instrumento (equity direto ou mútuo conversível?), direitos do investidor (tag along, preferência em novas rodadas?). Não tenha receio de ser diligente: faz parte e demonstra que você será um sócio que agrega.
Tome a decisão e formalize o investimento
Se tudo te agradou, ou pelo menos, o potencial de recompensa parece superar os riscos, é hora de decidir. Defina quanto investir naquela startup. Uma dica: não coloque todo o seu orçamento de startups em uma única. Mesmo que ame a oportunidade, reserve capital para diversificar. Depois, siga o processo para formalizar: em plataformas de crowdfunding, isso envolve aceitar eletronicamente um contrato e transferir o valor via TED/PIX para uma conta escrow vinculada à oferta. Como anjo direto, envolve assinar contratos (mútuo, acordo de sócios) – nesse caso, recomendamos fortemente ter assessoria jurídica para revisar documentos ou usar modelos padronizados do mercado (como modelos da Anjos do Brasil, InovAtiva, etc.). Na formalização, preste atenção a cláusulas como direito a informações, liquidação preferencial, anti-diluição (geralmente não disponível para pequenos investimentos, mas é bom conhecer). Uma vez tudo assinado e o dinheiro aportado, parabéns, você agora é investidor(a) daquela startup!
Acompanhe e apoie (pós-investimento)
Após o investimento, mantenha-se atualizado. Cheque se a startup envia newsletters ou relatórios aos investidores. Caso passe muito tempo sem notícias, não hesite em contatar educadamente os fundadores pedindo um update. Mostre disposição em ajudar: por exemplo, se a startup precisa contratar alguém e você conhece um candidato ótimo, faça a ponte; se você descobrir uma potencial parceria comercial para ela, avise os founders. Esse acompanhamento ativo não é obrigatório, mas pode fazer diferença no destino da empresa (e no seu retorno). Além disso, te dá aprendizado contínuo sobre execução de negócios. Lembre-se: seu sucesso como investidor anjo/seed está alinhado ao sucesso da startup, então torça por ela e faça o possível para aumentar as chances.
Planeje a saída (exit strategy)
Já no momento do investimento – mas continuamente ao longo da evolução – pense em qual pode ser a estratégia de saída. A startup pretende ser vendida para uma empresa maior? Em quantos anos isso poderia acontecer? Ou planeja buscar um IPO a longo prazo? Pode haver distribuição de dividendos se chegar ao lucro? Avalie cenários. Claro que startups pivotam e planos mudam, mas ter um senso de como você vai colher os frutos ajuda a tomar decisões de acompanhamento ou mesmo de vender sua posição se surgir oportunidade (alguns mercados secundários começam a surgir, onde investidores vendem cotas antes do exit final). Tenha paciência: muitas demoram ~7-10 anos para um exit, e algumas ótimas demoram até mais. Mas se identificar sinais de que não há possibilidade de retorno (empresa estagnada, p.ex.), use isso como lição para direcionar esforços a outras.
Seguindo essas etapas, você transforma o ato de investir em startups – que pode parecer caótico – em um processo mais estruturado e consciente. Você define limites, escolhe melhor onde pôr o dinheiro e aumenta a chance de estar dentro das futuras campeãs.
Casos de sucesso: exemplos reais de investimento em startups
Nada melhor que histórias reais para ilustrar os riscos e recompensas. Vamos ver alguns cases emblemáticos no cenário de startups (brasileiro e global) envolvendo investidores:
Caso Nubank (Brasil)
O Nubank dispensa apresentações – fundado em 2013, tornou-se uma das maiores instituições financeiras digitais do mundo. Quem investiu no Nubank cedo colheu resultados incríveis. Um exemplo notório: Sequoia Capital, gigante do venture capital, investiu na Série A do Nubank (2014) um valor estimado de ~US$ 10 milhões.
Após o IPO em 2021, a Sequoia possuía cerca de 8-9% da companhia, participação essa avaliada em alguns bilhões de dólares. Claro, aqui falamos de um fundo VC global. Mas houve também pequenos investidores beneficiados: em 2016, numa rodada Série B liderada pela Founders Fund, alguns anjos brasileiros que entraram no Nubank na fase inicial realizaram vendas parciais de suas quotas, obtendo retornos superiores a 30x o investido em cerca de 3 anos. É um exemplo do tipo de multiplicação de capital possível. Nubank hoje vale menos que no IPO devido ao mercado, mas ainda assim quem entrou no comecinho está com um retorno enorme sobre o custo inicial.
Caso 99 (app de transportes, Brasil)
A 99 (antigo 99Taxi) foi a primeira startup brasileira unicórnio, vendida para a chinesa Didi Chuxing por cerca de US$ 1 bilhão em 2018. Vários investidores-anjo e fundos investiram na 99 ao longo do caminho. Um dos anjos, Caio Ramalho, revelou que o retorno do investimento-anjo dele foi na casa de 52 vezes o valor investido, em aproximadamente 5 anos. Ou seja, cada R$ 10 mil virou R$ 520 mil na saída. Esse case incentivou muita gente a olhar para startups de tecnologia no Brasil.
Caso WhatsApp (EUA)
Para mostrar um cenário extremo, o WhatsApp recebeu investimento anjo de US$ 250 mil do ex-CEO do Yahoo (entre outros anjos) em 2010. Apenas 4 anos depois, o WhatsApp foi adquirido pelo Facebook por US$ 19 bilhões. Estima-se que o retorno para aqueles anjos foi superior a 75x em apenas 4 anos – um home run absoluto. Claro, são exceções brilhantes, mas inspiram investidores a buscarem “o próximo WhatsApp” (lembrando que para cada WhatsApp há dezenas de startups de messaging que sumiram).
Os casos de sucesso confirmam: é possível ter ganhos extraordinários investindo em startups, mas normalmente dentro de um portfólio em que algumas serão sucesso estrondoso, algumas medianas e várias prejuízo. A chave é estar naquelas poucas grandes vencedoras. E como não dá para saber de antemão quais serão, volta-se ao ponto da diversificação e diligência.
Como começar a investir em startups – Guia prático
Recapitulando e resumindo, se você leu até aqui e quer “colocar a mão na massa”, aqui vai um guia rápido para dar os primeiros passos:
Regularize-se como investidor
No Brasil, para investimentos via plataformas ou mesmo para ser anjo formal, não há certificação obrigatória. Porém, se desejar investir valores maiores e acessar fundos, pode ser útil obter a qualificação de Investidor Qualificado (ter >R$ 1 milhão investido e fazer uma autodeclaração) ou Profissional (>R$ 10 milhões). Isso abre portas para mais ofertas. Mas não se preocupe: para crowdfunding ou ser anjo informal, qualquer pessoa física pode investir (respeitando limites das plataformas no caso do crowdfunding).
Defina seu orçamento e estratégia
Ex.: “Vou destinar R$ 50 mil por ano nos próximos 3 anos para construir um portfólio de ~10 startups.” Ajuste os números à sua realidade. Tenha isso claro para não investir impulsivamente além do planejado.
Participe de eventos e comunidade
Siga no LinkedIn e Instagram perfis de incubadoras, aceleradoras, venture capital. Muitas lives e eventos gratuitos divulgam startups buscando investimento. Por exemplo, a iniciativa Investe RAJA faz roadshows em cidades para apresentar oportunidades a investidores locais. Essas ações educam e também conectam você com outras pessoas interessadas – networking que pode render co-investimentos.
Comece pequeno, ganhe experiência
Nada impede de já no primeiro investimento aportar alto, mas é sábio “aprender errando barato”. Talvez faça sentido investir um valor menor em 1 ou 2 startups via crowdfunding inicialmente, para vivenciar o processo completo – análise, decisão, assinatura, acompanhamento. Com esse aprendizado (e possivelmente um curso – vários hubs oferecem cursos de formação de investidores-anjo), você estará mais confiante para tickets maiores ou negociações diretas.
Busque apoio de quem já investe
Mentoria não é só para startups – serve para investidores também! Se você conhece alguém com experiência (pode ser aquele colega que já é anjo, ou até conectar-se em comunidades online), peça dicas, compartilhe oportunidades para ouvir a opinião. O ecossistema de startups costuma ser acolhedor com novos investidores, afinal é do interesse de todos que mais gente se junte. Então, não invista isolado numa bolha: a troca de informações melhora muito a qualidade das decisões.
Tenha disciplina de portfolio
Depois de começar a construir seu portfólio de startups, mantenha controle. Uma planilha simples com o nome da startup, quanto investido, % adquirido, tese de investimento e data de entrada já ajuda. Anote também metas: por ex., “se startup X não atingir 1000 clientes até data tal, reconsiderar acompanhamento”. Isso ajuda a não se apegar cegamente – investidor de sucesso precisa saber o momento de cortar perdas também, ou de priorizar esforços.
Por fim, dê tempo ao tempo. Lembre-se: investir em startups não é esquema de enriquecimento rápido. Os resultados, quando vêm, são de médio a longo prazo. Tenha paciência e continue se atualizando – o mercado de inovação muda rápido; novas teses (climatetech, web3, etc.) surgem, e o bom investidor está sempre se ajustando.
O papel de hubs e consultorias como a RAJA
Você pode estar se perguntando: preciso fazer tudo sozinho? Não há alguém que ajude a selecionar startups ou conduzir esse processo? É aqui que entram os hubs de inovação, venture builders e consultorias especializadas, como o RAJA. Esses players atuam como facilitadores e catalisadores tanto para startups quanto para investidores, e podem agregar muito valor à sua jornada de investimento. Veja como:
Deal flow qualificado
Hubs como o RAJA estão constantemente avaliando centenas de startups. Por exemplo, nos últimos anos o RAJA Ventures analisou mais de 4.000 startups e investiu em cerca de 200, desenvolvendo um faro apurado para projetos promissores. Ao se conectar com um hub, você passa a ter acesso a oportunidades de investimento filtradas – startups que já passaram por uma curadoria, às vezes até por um programa de aceleração. Isso eleva a qualidade média do portfólio que lhe será apresentado.
Preparação das startups
Uma diferença crucial é que hubs e venture builders preparam as startups para receber investimento. Elas educam os founders em governança, refinam modelos de negócio, ajudam a tracionar. Então, quando uma startup “gradua” de um hub, ela geralmente está mais pronta para crescer e dar retorno do que uma totalmente crua. Além disso, hubs muitas vezes co-investem junto com você – alinhando interesses. Por exemplo, o RAJA pode entrar como investidor institucional numa rodada semente e abrir espaço para investidores parceiros participarem. Saber que um time experiente está colocando dinheiro próprio naquela empresa é um ótimo sinal de confiança.
Acompanhamento e mitigação de riscos
Consultorias especializadas podem atuar quase como “anjos guardiões” do investimento. Elas auxiliam na due diligence (checagem de pontos críticos antes do aporte) e depois ajudam a monitorar a startup investida, fornecendo mentorias, suporte estratégico e cobrando resultados. Isso significa que, mesmo que você seja novato, terá alguém experiente ajudando a zelar pelo seu investimento. Muitos hubs inclusive oferecem relatórios periódicos das investidas e reuniões de balanço – transparência que nem sempre se tem investindo sozinho.
Networking e comunidade
Ao se juntar a um hub de investidores, você entra numa comunidade de pessoas com o mesmo objetivo. Pode trocar experiências, sindicar investimentos (fazer aportes em conjunto para alcançar tickets maiores ou negociar melhores condições) e até encontrar seus próprios mentores. O RAJA, por exemplo, mantém uma rede ativa de investidores, corporates e startups em Minas Gerais e no Brasil, promovendo eventos e conexões de alto valor. Isso pode te colocar no radar de oportunidades exclusivas e parcerias que sozinho dificilmente surgiriam.
Educação contínua e conteúdo
Hubs e consultorias frequentemente produzem conteúdos educativos, workshops e capacitações para investidores. O método “Tráfego Atômico”, por exemplo, é uma estratégia de marketing de conteúdo integrada que alguns hubs adotam – entregando conhecimento de ponta gratuitamente para atrair e engajar pessoas interessadas (investidores ou empreendedores). Consumir esses conteúdos e participar de treinamentos oferecidos te torna um investidor muito mais preparado e confiante. Além disso, ter acesso à inteligência de mercado do hub (relatórios, teses de investimento setoriais) te dá uma vantagem sobre quem investe isoladamente.
Estruturação de deals e aspectos legais
Investir envolve burocracia – contratos, documentos na Junta Comercial, questões tributárias. Consultorias podem te auxiliar na parte jurídica e fiscal, explicando cláusulas contratuais, articulando acordos de acionistas, etc. Alguns hubs chegam a estruturar veículos de investimento compartilhados (ex.: um SPV – Special Purpose Vehicle que junta vários investidores numa única entidade para investir na startup). Isso simplifica a vida do investidor individual, que não precisa lidar com a papelada sozinho.
Resumindo, conectar-se a um hub como o RAJA aumenta sua segurança e potencial de sucesso ao investir em startups. Você aproveita a experiência acumulada de quem faz isso profissionalmente, evita erros de principiante e ainda expande seu networking. É como ter um parceiro de confiança nessa empreitada.Claro, é importante escolher hubs/consultorias sérios, com bom histórico e alinhados aos seus interesses. Pesquise resultados anteriores (portfólio, exits já obtidos) e a proposta de valor oferecida. No caso do RAJA, além de espaço físico de coworking e aceleração de startups (programa RAJA Launch), há o braço de RAJA Ventures que co-investe e assessora rodadas – um diferencial forte. Portanto, se você quer maximizar suas chances de sucesso e minimizar percalços, considerar apoio de um hub/consultoria pode ser uma ótima decisão estratégica.
Pronto para investir? Qual será seu próximo passo
Investir em startups pode parecer desafiador à primeira vista – envolve aprender novos conceitos, aceitar riscos elevados e ter paciência. Mas, como vimos neste guia de mais de 4.000 palavras, é perfeitamente possível, e potencialmente muito recompensador, para quem se prepara e age com estratégia. Recapitulando os pontos-chave:
Experiência e Conhecimento
Entenda o que são startups e como funciona esse universo. Quanto mais você souber (inclusive reconhecendo o que não sabe), melhor investidor será. Maximize seu E-E-A-T: busque adquirir Experiência prática aos poucos, consuma conteúdos de especialistas (Expertise), avalie criticamente as informações (Autoridade) e mantenha-se íntegro nas suas decisões (Trust – confiando em dados e não só em feeling).
Altos Potenciais vs. Altos Riscos
O charme está nos possíveis retornos extraordinários, mas nunca perca de vista a gestão de risco – diversifique, analise e nunca invista mais do que pode perder. O investimento em startups deve ser encarado como um jogo de portfólio: você ganha no conjunto, não em todas as peças.
Modalidades e Etapas
Há várias formas de entrar nesse jogo – escolha a(s) que se alinham com seu perfil. E siga as etapas desde educação, network, análise, decisão, até acompanhamento e exit, sem queimar etapas. Use este guia como referência ao longo do caminho.
Use recursos a seu favor
Plataformas reguladas, grupos de anjo, hubs como o RAJA – tudo isso existe para facilitar sua jornada e aumentar seu sucesso. Não hesite em aproveitar essas ajudas. Investir não precisa ser solitário; na verdade, costuma ser melhor em comunidade.
Agora a decisão é sua: você se imagina fazendo parte do próximo capítulo de inovação? Se sim, talvez esteja na hora de dar o primeiro passo concreto – seja se cadastrar em uma plataforma, reservar uma vaga num evento de startups ou agendar uma conversa com nossa equipe aqui do RAJA. Lembre-se do que dissemos sobre a importância de ter parceiros: o RAJA Ventures está à disposição caso você queira investir com orientação especializada e acesso a startups de alta qualidade. Como um dos hubs de inovação mais ativos do Brasil, podemos te ajudar a navegar esse ecossistema e até co-investir ao seu lado, unindo forças para colher os melhores resultados.
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FAQ – Perguntas frequentes sobre investimento em startups
Investir em startups envolve riscos significativos, portanto não é “seguro” no sentido de garantia de retorno. Trata-se de capital de risco. Existe a possibilidade de perder todo o valor investido caso a empresa não prospere. No entanto, há formas de tornar isso mais seguro dentro do possível: investindo pouco em cada startup (não colocar todo capital em uma só), construindo um portfólio diversificado, estudando bem as empresas antes de investir e, se possível, contando com plataformas reguladas ou consultores experientes para orientar. Pense assim: seguro como poupança não é – mas consciente e planejado, pode ser parte de uma estratégia financeira arrojada de forma responsável.
Depende da modalidade. Em plataformas de equity crowdfunding, o mínimo por startup costuma girar entre R$ 1000 e R$ 5000 – algumas ofertas aceitam aportes a partir de R$ 100 mesmo, embora não seja comum. Como investidor-anjo individual, não há um mínimo legal, mas na prática dificilmente um aporte muito baixo (tipo R$ 2 mil) faria sentido administrativo em uma sociedade; tipicamente anjos investem a partir de R$ 25k-50k por startup. Já via fundos de VC, os mínimos são altos (ex.: R$ 100k, R$ 1 milhão, conforme o fundo). Ou seja, hoje, com alguns milhares de reais já é possível começar. Uma estratégia sugerida para iniciantes é reservar, por exemplo, R$ 10 mil e investir R$ 2 mil em 5 startups diferentes via crowdfunding – assim você aprende e dilui riscos. Conforme ganhar confiança (e tiver mais capital), aumenta os valores.
Você pode encontrar boas startups através de: Plataformas online de investimento (lá já estão várias campanhas ativas – comece analisando as que estão captando no momento), eventos de pitch de startups (muitos são divulgados no LinkedIn, ou por organizações como Sebrae, aceleradoras, etc.), comunidades de investidores-anjo (ex.: grupos regionais, Anjos do Brasil), e hubs de inovação (como RAJA,Cubo Itaú, etc., que frequentemente divulgam suas turmas de startups). Outra dica é acompanhar notícias de startups em sites especializados – as que aparecem recebendo prêmios, destaque em programas, ou rodadas iniciais, podem abrir novas rodadas depois. E claro, networking pessoal: avise seu círculo profissional que você está olhando para investir, muitas vezes oportunidades vêm de indicações. Vale enfatizar: as startups que “valem a pena” não vêm com selo pronto – você que determina isso com sua análise e tese. Mas buscando nesses locais, você terá uma oferta grande para filtrar.
O ganho normalmente vem no momento de saída (exit). Há três principais maneiras de monetizar um investimento em startup:
Aquisição – A startup é vendida para uma empresa maior (ou funde com outra) e, nessa venda, você como investidor recebe sua parte proporcional do valor pago. Este é o caso mais comum de retorno. Ex: você tinha 2% da startup e ela foi comprada por R$ 50 milhões, você receberia R$ 1 milhão (2%).
IPO (Oferta Pública Inicial) – A startup abre capital na bolsa. Nesse caso, seus títulos viram ações listadas, com liquidez no mercado. Você pode vender na hora do IPO ou manter as ações se acreditar em mais valorização. Alguns investidores preferem já sair no IPO realizando lucro.
Dividendos – Menos comum em startups (que reinvestem os lucros para crescer), mas possível: se a empresa atingir lucro e decidir distribuir dividendos aos sócios, você recebe pro-rata sua parte. Não é tão frequente porque startups focam em crescimento, mas pode ocorrer em fases mais maduras ou em negócios específicos que dão lucro cedo (ou via instrumentos de dívida conversível que pagam juros).
Além dessas, existem saídas parciais: às vezes, em rodadas subsequentes, um novo investidor topa comprar a sua parte ou parte dela (secundária). Isso permite realizar antes do exit final. Em suma, a remuneração do investimento se concretiza quando a startup se valoriza e encontra liquidez – vendendo-se ou abrindo capital. Por isso enfatizamos visão de longo prazo: pode demorar anos para ocorrer um desses eventos, e alguns nunca ocorrem se a empresa fracassar. O retorno esperado bem-sucedido, porém, é alto – investidores buscam múltiplos de 5x, 10x ou mais sobre o capital nas histórias de sucesso.
Geralmente vários anos. É raro ter retorno antes de 2-3 anos no mínimo (só em casos de aquisições bem rápidas). A média de tempo para um exit costuma ser de 5 a 7 anos, podendo estender para 10 anos ou mais em alguns setores. Se a startup for bem e chegar a um IPO, por exemplo, pode levar uma década. Durante esse período, como dito, não há resgate nem pagamento (na maioria dos casos).
Então, mentalize que o dinheiro ficará “trancado” e o relógio de retorno é mais longo do que em investimentos tradicionais. Alguns dados globais indicam ~7 anos como mediana de retorno em venture capital. A boa notícia é que, se você monta um portfólio, pode haver liquidez escalonada: talvez uma startup do seu portfólio venda em 3 anos, outra em 5, outra que não deu certo encerra em 4, e assim por diante. Mas não conte com nada antes de pelo menos 5 anos – isso ajuda a alinhar expectativas e não tomar sustos. Vale lembrar: paciência é uma virtude fundamental nesse meio.
Para investimentos informais (anjos individuais entrando no capital), os documentos principais costumam ser: Contrato de Investimento (ou Mútuo Conversível) – estabelecendo o aporte e as condições de conversão ou participação; Acordo de Sócios – detalhando direitos e deveres entre fundadores e investidores (quorum de decisões, preferência, etc.); e depois atualizações no Contrato Social da empresa na Junta Comercial (caso seja entrada direta de capital).
Em plataformas de equity crowdfunding, você geralmente assina tudo digitalmente – um Boletim de Subscrição e adere a um Acordo de Acionistas padrão da rodada, sem ter que se preocupar em redigir nada. Para fundos e veículos, haverá documentos do fundo (LPA – Limited Partnership Agreement, no caso de estruturas internacionais, ou regulamento do FIP no Brasil). Pode parecer complexo, mas para o investidor pessoa física pequeno, é relativamente simples e padronizado hoje em dia – graças à maturidade do ecossistema. Dica: leia sempre todas as cláusulas ou peça para um advogado de confiança revisar, principalmente em investimentos diretos maiores. Fique atento a pontos como: direito de tag along (se a maioria vender, você pode vender junto), liq. preferencial (se os fundadores tiverem preferencial que devolve a eles um valor antes de dividir o restante, etc.), vesting de fundadores (importante que tenham, para eles não saírem logo após seu aporte). As plataformas e hubs costumam cuidar desses detalhes para proteger investidores, mas vale estar ciente.
No momento do investimento não há imposto (você está comprando participação, não é um evento tributável). A tributação vem no momento da saída:
Se a startup for vendida e você, pessoa física, lucrar, incide Imposto de Renda sobre Ganho de Capital. A alíquota é progressiva conforme o ganho: 15% até R$ 5MM; 17,5% entre 5 e 10MM; 20% entre 10 e 30MM; 22,5% acima de 30MM. Ex.: investiu R$ 50k e recebeu R$ 500k na venda da sua parte – teve R$ 450k de ganho; paga 15% sobre isso. Há algumas situações de isenção para startup enquadrada como Pequena Empresa (Lei Complementar 155 trouxe isenção de IR para ganhos de anjo até 2023, prorrogada possivelmente), mas é tema complexo e mutável – consulte um contador no evento.
Em caso de IPO, se você vender as ações em bolsa, vale a regra de ações: isento se vendas < R$ 20k no mês; acima disso, 15% de IR sobre ganho.
Dividendos distribuídos (hoje) são isentos para pessoa física (até mudança legislativa).
Se houver prejuízo (startup faliu, você perdeu dinheiro), não há imposto a pagar obviamente, e infelizmente não dá para compensar esse prejuízo de forma simples na PF (diferente de compensar trade de ações). Alguns veículos específicos permitem compensação de perdas com ganhos dentro deles, mas para PF direta não.Resumindo: imposto só come uma fatia do lucro realizado, e mesmo assim as alíquotas não são absurdas frente aos ganhos possíveis. Importante é guardar a documentação da compra e venda para calcular corretamente o IR quando ocorrer.
Essa dúvida é comum. Quando a taxa de juros (Selic) está alta, investimentos conservadores ficam atraentes (renda fixa pagando 13% a.a., por ex.), e alguns se questionam se ainda vale arriscar em startups. A resposta reside no seu perfil e objetivo: juros altos geralmente são conjunturais (ciclo econômico); já o investimento em startup é de longo prazo. Se você acredita que aquela startup pode multiplicar 5x em 5-7 anos, isso dá ~38% a.a. de retorno composto – muito acima de qualquer renda fixa, compensando o risco. Além disso, muitos consideram que é nos momentos de crise (juros altos, escassez de capital) que se plantam as sementes das grandes empresas do futuro, pois valuations tendem a ser mais baixos e startups realmente boas conseguem se sobressair.
Historicamente, alguns dos melhores investimentos em venture capital foram feitos em anos de recessão ou mercado em baixa. Então, se você tem apetite e capital de longo prazo, pode valer a pena sim continuar (ou começar) investindo em startups mesmo em cenários de juros altos. Apenas talvez seja mais seletivo: com capital caro, as startups enfrentam mais dificuldade – escolha aquelas com fundamentos mais sólidos (que conseguiriam sobreviver com menos dinheiro externo). Em contrapartida, aproveite para negociar valorizações justas já que os founders também entendem o contexto. Lembrando: o importante é diversificar; não vai por tudo em renda fixa e perder potenciais “home runs”, nem por tudo em startup e ficar vulnerável – equilíbrio é a chave.
O termo “Tráfego Atômico” diz respeito a marketing digital (conteúdo multiplataforma gerando micro e macro-conversões) e não diretamente a investimento em startups. Contudo, se interpretarmos de forma livre, um investidor pode aplicar mentalidade “atômica” ao originar oportunidades: estar presente em diversos canais, consumir e compartilhar conteúdos, criar uma marca pessoal como investidor no LinkedIn, etc., para atrair boas startups (fluxo de oportunidades). Ou seja, se tornar conhecido no meio (ainda que localmente) para que empreendedores passem a te procurar também – isso incrementa o deal flow. Para fins deste guia, não é um conceito crucial para iniciar, mas uma curiosidade: o RAJA e outros hubs usam estratégias de tráfego atômico para difundir conhecimento (como este guia) e criar um ecossistema vibrante; você, como leitor, é parte disso agora.
Caso surjam outras dúvidas, sinta-se à vontade para entrar em contato – acreditamos que informação e conhecimento são as melhores ferramentas para decisões de investimento bem-sucedidas!